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Crítica | A Campanha de Call of Duty: Black Ops 7 Desperdiça Todo o Potencial da Saga

  • Foto do escritor: Lucas Venancio
    Lucas Venancio
  • há 12 horas
  • 6 min de leitura
Recebemos o codígo do Call of Duty: Black Ops 7 - Edição Cofre da Theogames e Activision para realizar nossas críticas e futuras matérias no site e a quem agradecemos por todo o suporte. Jogamos o game no PlayStation 5 no modo de 120hz.

A Raven Software, sob supervisão da Treyarch, foi novamente encarregada de desenvolver a campanha de Black Ops 6 uma das melhores dos últimos anos, ousada e diversificada em termos de missões, mantendo viva a criatividade estabelecida pela Treyarch na saga Black Ops. O estúdio também foi responsável pela campanha de Black Ops Cold War, que apresentou uma narrativa cativante e serviu como esqueleto para o que BO6 viria a ser.



Para Black Ops 7, a empolgação era enorme. A Raven havia provado que conseguia transportar boas tramas e preservar a essência da franquia. No entanto, o estúdio claramente não consegue focar 100% na campanha, já que está sobrecarregado de trabalhos envolvendo toda a franquia Call of Duty.


A energia do hype aumentou ainda mais porque BO7 seria uma continuação direta de Call of Duty: Black Ops 2 (2012), um dos jogos mais amados da Activision, ambientado em 2025. Agora, estamos finalmente no “ano real” do BO2, e parece que houve a compreensão de que seria interessante trazer esse sentimento nostálgico aos fãs em pleno 2025.


A crise de identidade da franquia e como isso afeta as campanhas


Entretanto, a marca Call of Duty enfrenta graves problemas de aceitação nos últimos anos seja pela comunidade fiel, pelo público médio ou pela crítica especializada. Com a concorrência buscando retomar sua estabilidade, a Activision e seus estúdios precisaram parar para refletir e voltar a ouvir o que seus jogadores têm a dizer. Isso trouxe melhorias notáveis para o Multiplayer e para Warzone. Porém, a campanha que nunca teve relação direta com essas queixas acabou sendo afetada durante esse processo.


Em Modern Warfare III (2023), tivemos uma das menores campanhas de Call of Duty: curta, fraca, repetitiva e com reaproveitamento de conteúdos, dando a sensação de ser apenas uma DLC de MW2 (2022). Ainda assim, ficou claro que houve problemas internos, e a Sledgehammer teve que assumir o papel de entregar outro jogo anual às pressas.



BO7 e a polêmica campanha cooperativa


No caso de Black Ops 7, os desenvolvedores revelaram que haviam planejado dois jogos da saga Black Ops em sequência. Além de dar continuidade à história de Black Ops 2, BO6 teria um papel de ligação para a trama que seria explorada em BO7. Contudo, quando foi anunciado que o modo história seria totalmente cooperativo para até quatro jogadores, a comunidade ficou dividida.


Isso porque uma das campanhas mais criticadas da franquia é justamente a de Black Ops 3 (2015), que também era cooperativa e nunca conseguiu convencer. Em World at War (2008) que faz parte da cronologia de Black Ops o Co-op existia como uma opção, mas não era o foco central da experiência. BO3 segue sendo o pior exemplo.


Mesmo trazendo de volta personagens icônicos como David Mason, Harper, Samuels, Karma, Frank Woods e Raul Menendez, Black Ops 7 entrega uma campanha de péssima qualidade, com potencial totalmente desperdiçado.



Falta de identidade, propósito e execução narrativa


O jogo parece ter sofrido, sim, com problemas internos. É uma campanha sem identidade, sem carisma e sem propósito claro dentro da narrativa canônica de Black Ops. A ideia por trás da trama até é interessante, mas sua execução é fraca.


Após 10 anos dos acontecimentos de Black Ops 2, David Mason e seus aliados buscam respostas após o suposto retorno de Raul Menendez que teria ressurgido dos mortos para dar continuidade aos trabalhos da Cordis Die, símbolo global de rebelião contra os EUA e seus aliados. Paralelamente, a Guilda uma empresa de defesa que no passado era uma organização criminosa e treinou Sevati “Sev” Dumas como assassina em BO6 agora estaria “regenerada” e dedicada a salvar o mundo com armamentos e robôs sob comando da CEO Emma Keagan. No entanto, ela está aparentemente por trás da inteligência artificial que “revive” Menendez e suas ideias.


Ao invadir a sede da Guilda, o esquadrão é exposto à toxina “O Berço”, apresentada nos anos 90 em BO6. A substância transforma quem a inala em versões agressivas de si, expondo seus maiores medos e traumas. É praticamente um “gás do Espantalho” como nos jogos Batman Arkham Asylum e Arkham Knight.



Uma jornada psicodélica perdida no potencial


A partir disso, David Mason, Mike Harper, Samuels e a nova protagonista Leilani “50/50” Tupuola embarcam em uma jornada psicológica e psicodélica contra a Guilda e o Berço, enfrentando seus medos e uma narrativa mental caótica. É daí que surge o slogan “Abrace a loucura”. Essas nuances de teorias da conspiração e viagens mentais sempre foram essenciais na saga, mas aqui são mal conduzidas.


A campanha de BO7 é totalmente online e funciona quase como um modo Multiplayer, Zombies ou DMZ. É necessário procurar matchmaking para jogar as missões, seja com amigos ou com jogadores aleatórios e não há possibilidade de pausar o jogo. Jogar solo é possível, mas deixa a experiência ainda pior, já que a história é repetitiva e monótona, com combates típicos de live service, como o próprio DMZ em MWII.


Pela primeira vez na franquia, a campanha libera camuflagens de armas e progressão integrada ao resto do jogo. Isso reforça o “grind”, que se tornou absoluto em BO7.



A campanha “Warzonificada”: matchmaking obrigatório, repetição e falta de alma


As batalhas são genéricas, e os inimigos extremamente fáceis, mesmo conforme a dificuldade aumenta e você precisa dar upgrade nas armas com cores de raridade exatamente como no Warzone. A presença de placas de blindagem, usada também no Zombies, reforça essa estética “Warzonificada” sem originalidade.


O ponto positivo está nas habilidades, que remetem aos especialistas de BO3 e BO4, como gancho, hackeamento, pulo alto, invisibilidade e mais. A mecânica de hackeamento, no entanto, fica saturada rapidamente. E o campo de batalha é repetitivo, cheio de caixas de armamentos e reposição de munição e blindagens.


Problemas de repetição, cenários reciclados e combates previsíveis


A campanha possui 12 missões principais e pode ser concluída em aproximadamente 6 horas. Há repetição de fórmulas, como chefões com barra de vida maior, mas combates previsíveis e pouco divertidos. A sensação é de estar jogando um título genérico, nada condizente com o padrão da franquia, especialmente após BO6.


Muitos cenários são reaproveitados, como Avalon que quase foi o mapa de Battle Royale de BO6, antes da decisão de trazer Verdansk de volta. Isso já havia acontecido em Cold War, quando um mapa planejado para Warzone acabou sendo usado apenas em “Bomba Suja” e Outbreak. A repetição acontece de novo aqui.


Há apenas uma missão realmente original: a fase de parkour em Tóquio, com ótimas mecânicas, porém estrelada por personagens descartáveis. Até Vorkuta símbolo de momentos icônicos protagonizados por Victor Reznov e Alex Mason em Black Ops 1 (2010) é reciclada.



 Loucura mal explorada e frustração final


Narrativamente, tudo parece sem propósito. A nostalgia existe apenas pelo retorno dos personagens e por diálogos que fazem conexão com BO1, BO2, BO3, BO4 e BO6. Menendez volta, mas é desperdiçado. A antagonista é fraca e sem motivações sólidas.

Mesmo a mescla de distorções mentais e elementos de zumbis marca registrada da Treyarch é mal executada e inferior ao que vimos no antecessor. O resultado é uma campanha frustrante que “explode” o legado deixado por Black Ops 2.


“Fim da Jornada”: um modo extra promissor, mas que não salva a campanha


Ao final, o jogador libera o modo “Fim da Jornada”, um modo de extração online idêntico ao DMZ, enfrentando os remanescentes da Guilda em Avalon, também infestada pelo Berço. O mapa completo pode ser explorado, com áreas de combate de níveis variados, lembrando jogos de RPG.


É um modo genuinamente interessante e deve receber suporte ao longo das temporadas de BO7, mas ainda é incerto até que ponto será realmente explorado pela comunidade. A progressão está integrada, e é possível convidar jogadores o que permite “burlar” o sistema e desbloquear o modo sem finalizar a campanha.

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