Crítica | Cronos: The New Dawn - Bloober Team se consolida no Survival Horror
- Lucas Venancio
- há 4 horas
- 4 min de leitura
Recebemos o código antecipado de Cronos: The New Dawn para PlayStation 5 e agradecemos à distribuidora e a Theogames pela confiança.
Antes de começarmos, fique tranquilo: esta crítica não contém spoilers da trama principal!
É preciso ficar atento ao potencial da Bloober Team. Embora o estúdio tenha lançado títulos que dividiram opiniões, 2025 marcou um ponto de virada com o Remake de Silent Hill 2, que foi um sucesso absoluto e reacendeu os fãs de survival horror. Agora, com Cronos: The New Dawn, o estúdio polonês adiciona mais uma peça importante ao seu currículo.

Uma narrativa intimista
A trama de Cronos: The New Dawn se passa em uma Polônia da União Soviética dos anos 80, em um cenário pós-apocalíptico com elementos de ficção científica. O jogo utiliza referências culturais e explora uma crise metalúrgica que assolou o país na época, conectando seu contexto histórico à ficção.
O jogador acompanha a Viajante, uma agente do grupo "O Coletivo", enviada para investigar a origem do misterioso contágio no Distrito de Nova Alvorada. Ao longo da missão, ela enfrenta os infectados conhecidos como "Órfãos" — zumbis cobertos por uma biomassa que se fundem a cada criatura eliminada — e encara anomalias energéticas que distorcem a gravidade e transformam os ambientes. Precisando usar um "Emissor" para manipular as anomalias, as fazendo retomar o caminho antes dos destroços e auxiliar na locomoção.
Além disso, a protagonista precisa viajar no tempo para reunir pistas sobre "A Mudança", como a pandemia é chamada.
Inspirações e identidade
O jogo não esconde suas inspirações, que vão de Dead Space, Resident Evil e Silent Hill 2 a Alan Wake 2 e The Evil Within. Essa familiaridade ajuda a situar os jogadores, mas o que realmente define o título é sua história, ambientação e criaturas, que buscam garantir seu espaço entre os grandes nomes do terror.
Sistemas de progressão e sobrevivência
Cronos: The New Dawn oferece um sistema de progressão simples e intuitivo, mas essencial para a sobrevivência. O jogador coleta energia, a moeda do jogo, para aprimorar armas, comprar munição e adquirir itens de cura. Além disso, há os "núcleos", que podem ser equipados para melhorar a armadura e ampliar o inventário. Ainda gerar lucro com revendas dos elementos carregados e de cargas tecnológicas com alto valor, recebendo mais pontos.
Tudo isso é feito nas "salas seguras", que contam com salvamento manual (além dos checkpoints automáticos, mas é recomendado a sua utilização), loja, baú para estocagem de itens e projéteis infinitos de lança-chamas — ferramenta vital contra os Órfãos devido a sua sensibilidade ao fogo.
Uma trama envolvente com viagens no tempo
A história prende o jogador desde o início e seus mistérios são incógnitas, sendo adquirido somente ao decorrer da jogatina. As viagens temporais não apenas contextualizam os eventos, mas também desbloqueiam novas habilidades através do sistema de "Extração de Essência". Itens como novos armamentos e seus acessórios, além de apetrechos, são recebidos conforme a narrativa avança, sempre integrados de forma orgânica, visto que são "herdados" de agentes mortos que tiveram o mesmo proposito da Viajante e não como funções descartáveis.
Há momentos de backtracking, mas o jogo oferece um sistema de orientação para evitar confusão. O crafting também está presente, permitindo coletar materiais metálicos e químicos para criar itens de sobrevivência conforme a necessidade.
Os clichês do gênero estão lá — caixas e portas com tinta amarelas, para serem quebrados e barris vermelhos explosivos —mas são bem utilizados, especialmente em hordas e batalhas contra chefes. Tornando-se um facilitador nas estratégias de combate. E existem barris destruídos com fendas temporais que é possível sua regeneração para reutilizar diversas vezes nas lutas.
Inimigos originais, mas chefes frustrantes
Os infectados são um ponto forte: inquietantes, agressivos e desafiadores. A fusão entre corpos aumenta sua força, vulnerabilidade (E você não vai querer de forma alguma que isso aconteça, preste atenção) e a IA criada para eles oferece boa variedade para perseguir a protagonista. Uma dica para "aliviar" os combates é levando as criaturas para locais que não possam entrar e as eliminá-las. Porém, o design visual desses monstros não acompanha a criatividade de suas mecânicas e diversidade de formatos.
Já os chefes caem no lugar-comum, com batalhas baseadas em pontos fracos luminosos e estratégias repetitivas.
Pontos fracos: movimentação e combate
A movimentação da protagonista é limitada, sem a possibilidade de pular ou se agachar, algo que se justifica pela ideia de um traje pesado, mas que compromete a fluidez. O combate corpo a corpo também deixa a desejar, sendo pouco responsivo e ineficaz.
Desempenho, atmosfera e imersão
Testado no PlayStation 5 em modo desempenho (60fps), o jogo mantém boa estabilidade, com poucas quedas de frame perceptíveis.
As cutscenes permitem escolhas de diálogo, mas sem impacto real na trama — uma oportunidade perdida. Por outro lado, a atmosfera é o grande trunfo: paredes cobertas de biomassa, anomalias, claustrofobia, trilha sonora e efeitos sonoros criam um clima denso e opressor, ainda que os jump scares se tornem previsíveis com o tempo.
Narrativa como eixo central
Grande parte do contexto é revelado por textos e gravações de áudio, que aprofundam não só eventos desse mundo, mas bem como: críticas sociais, filosofia, teorias da conspiração, ética e política. Esse aspecto eleva a experiência além do terror convencional e nos coloca de frete a debates com temas do mundo atual em nossas cabeças indiretamente.
Veredito
Apesar de alguns tropeços, Cronos: The New Dawn entrega um survival horror sólido, divertido e intrigante, que reforça a maturidade da Bloober Team no gênero. Se você é fã de terror, este é um título que merece sua atenção.
Lançamento: 5 de setembro de 2025 para PC, PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch 2.