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  • Paulo Lídio

Titans – 1ª Temporada | O DC Universe veio para ficar


Titans foi a primeira série original criada para o DC Universe (Imagem: DC Universe/Divulgação)

É inegável que o grande público brasileiro, exceto os leitores mais assíduos de quadrinhos, conhece os Jovens Titãs devido às animações. A primeira versão animada foi lançada em 2003 com uma abordagem um pouco mais séria em relação a sua mais recente, intitulada ‘Jovens Titãs em Ação’, de 2013. O tom mais leve dos personagens em ambas versões mexeu com o imaginário do público, que de cara mostrou-se bem temeroso quando o serviço de streaming DC Universe foi inaugurado e anunciou que a sua primeira série original seria ‘Titans’. Quando as imagens começaram a vazar, pode-se dizer que a internet foi abaixo com comentários negativos em relação à caracterização dos personagens e à tonalidade da fotografia empregada no seriado. Algo que lembrava muito o DCEU iniciado por Zack Snyder com o longa Homem de Aço (2013). Todavia, o produto final soube mostrar que a DC montou um excelente serviço de streaming, além de garantir que uma série original como Titans pode sim conquistar o público com uma versão live-action e mais sombria de seus personagens.

Com um total de 11 episódios, o seriado opta pelo tradicional modelo de mostrar a origem dos heróis. Obviamente que todos possuem o seu devido peso, entretanto é inegável que Robin/Dick Grayson (Brenton Thwaites) possuía a maior responsabilidade por parte da produção. O primeiro ajudante do homem-morcego e líder dos Titãs tem sua própria jornada durante a trama: lidar com os fantasmas do passado e com a escuridão adquirida depois de muitos anos em Gotham City, onde conviveu com um Batman autoritário e mais preocupado com o mundo do que com as pessoas a sua volta. É interessante a maneira como a série soube adaptar um elemento tão próximo ao universo do Vigilante de Gotham e mesmo assim deixa-lo tão independente do Cavaleiro das Trevas, uma vez que temos um Dick Grayson trabalhando como detetive em Detroit, porém sempre com referências diretas a sua cidade natal e seu passado como ‘Garoto Prodígio’, o que sempre acaba rendendo boas cenas de ação.

Pouco a pouco vemos Dick Grayson/Robin tornando-se o líder dos Titãs (Imagem: DC Universe/Divulgação)

Talvez aquela que tenha sido a escolha mais polêmica do seriado desde o seu anúncio foi Estelar/Kory Anders (Anna Diop). Surpreendentemente tivemos uma onda de haters na internet, que levaram a atriz a suspender suas redes sociais temporariamente, questionando a escolha de uma negra para o papel da uma alien. No entanto, além do fato de que sempre se deve escolher uma atriz devido a sua qualidade de atuação, outro ponto a ser analisado é a personagem e a sua plataforma de adaptação. A Estelar é uma personagem com a cor de pele laranja, com poderes advindos da energia solar, logo, em quesitos de maquiagem e CGI, os gastos seriam gigantescos. Tudo bem que muitos reclamaram da caracterização das roupas, que realmente ficou abaixo de um nível bom. Porém, a atuação de Anna Diop elevou a personagem em um nível de importância enorme. A imponência de Estelar com seus poderes com um lado ‘badass’ que ainda não havia sido visto por parte do grande público e seu relacionamento com os demais Titãs fazem dela muitas vezes até mais relevante do que o próprio Robin.

Mesmo sendo membros importantes na formação dos Titãs, Rachel/Ravena (Teagan Croft) e Gar/Mutano (Ryan Potter) recebem arcos que demoram para se encontrar, porém que conseguem cativar o público e deixar um gosto de "quero mais" para as temporadas seguintes. Em si, a trama principal da série é envolta da Ravena e como combater as forças malignas dentro dela, geradas por seu pai, o demônio Trigon (Seamus Dever). Quem conhece a personagem dos quadrinhos e animações se surpreende um pouco ao ver uma Ravena tão jovem e indefesa, mas é interessante ver a jornada da heroína para descobrir se realmente possui um dom ou maldição dentro de si. A maior dificuldade mesmo acaba sendo a inexperiência da atriz, que por diversas vezes oscila entre ótimas cenas dramáticas, enquanto em outras oportunidade torna-se simples demais, algo inerente em jovens iniciantes. O plot do jovem Mutano é parecido, mas sem tanta ‘escuridão’ durante o percurso. Ele é um personagem divertido, que não ficou limitado apenas ao alívio cômico. Inclusive, é muito comum o público se identificar com ele em relação ao modo ‘fã service’, onde a todo momento ele mostra a sua alegria em fazer parte do grupo de super-heróis e estar perto dos sidekicks do mundo. Sua origem foi mudada em alguns pontos se levarmos em conta os quadrinhos e as séries animadas. Além do fato de não ter a pele verde durante todo o tempo, sua transformação em diversos tipos de animais ficou limitada apenas a forma de um tigre verde, algo que é explicado no decorrer dos episódios. Contudo, mesmo com essa explicação simples, é nítido que o personagem sofreu o mesmo problema que a Estelar: falta de orçamento para investir em CGI. Todavia, não se ouviu o mesmo estardalhaço como foi feito em cima da Estelar de Anna Diop.

Separados eles carregam seus fardos, mas juntos eles são o time dos Titãs (Imagem: DC Universe/Divulgação)

Duas coisas que podem ser citadas em Titans que geram divergências entre os espectadores, mas que não necessariamente se tratam de itens ruins, são as caracterizações dos personagens e a tonalidade da série. Se por um lado temos uniformes fiéis ao material base dos quadrinhos como Robin, Patrulha do Destino, Rapina e Columba, por outro lado temos o problema na adaptação de Estelar e Mutano, por exemplo. Alguns podem não se importar com isso ao ver que a história foi bem desenvolvida, deixando uniformes em segundo plano. Entretanto, os mais exigentes, sentem falta desse aspecto pois este acaba por descaracterizar personagens tão tradicionais e que fazem parte do nosso imaginário desde jovens. Quanto ao tom utilizado, basta citarmos o que ocorre com o WODC (Worlds of DC) nos cinemas em relação a fotografia e roteiro. Há quem ame e também há quem odeie Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman (2016), ambos dirigidos por Zack Snyder, onde houve uma abordagem mais séria em relação aos personagens clássicos da DC e um tom mais escuro que o público não estava acostumado. Caso você goste disso, Titans será um prato cheio para você. Todavia, se você prefere algo mais próximo de Mulher-Maravilha (2017) e o recente Aquaman (2018), você pode se decepcionar na questão técnica da fotografia, porém o roteiro e o desenvolvimento dos personagens acabam por compensar essa questão.

Mesmo com cada personagem possuindo seu arco próprio, o principal ponto de funcionamento de Titans se dá quando todos estão juntos, onde um acaba complementando o outro. A harmonia formada pelos personagens nos dá a entender que cedo ou tarde teremos oficialmente um time de super-heróis chamada pelo nome de Jovens Titãs, assim como nos quadrinhos e animações. Aliado a isso, temos um excepcional elenco de apoio. No qual os produtores deixam claro que o DC Universe trabalhará com séries formando um universo expandido através dos personagens que nos são apresentados: Rapina e Columba, Patrulha do Destino, Moça-Maravilha, Jason Todd, dentre outros. Se a intenção da DC era construir um universo forte e duradouro, a missão iniciou-se com sucesso, deixando ganchos para próximas temporadas e criando expectativas em quem assiste. Por isso, não precisamos mais ter medo de dizer: Seja bem-vindo, DC Universe. Observação 1: o episódio final contém uma cena pós créditos. Observação 2: a série está disponível no serviço de streaming DC Universe, porém estreia na Netflix brasileira em 11/01/2019. Nota: 4,5/5

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