A Hora do Rush | Visão do Fã
A Hora do Rush é um clássico da TV aberta, sempre sendo reprisado em algum canal. Jackie Chan e Chris Tucker fazem uma dupla e tanto nesta comédia policial que marcou o final da década de 1990.
A Hora do Rush (Rush Hour, 1998)
Todo mundo adora uma comédia com muita ação, e é isso que A Hora do Rush entrega. Jackie Chan, em seu primeiro papel em Hollywood, comanda as cenas de luta com tamanha maestria, sem usar dublês como sempre. Por outro lado, Chris Tucker se destaca nos momentos de comédia, capaz de nos arrancar lágrimas de tanto rir quando entra em cena.
Na trama, o inspetor Lee (Jackie Chan), da polícia de Hong Kong, deve ir para Los Angeles resgatar a filha sequestrada de seu amigo de confiança, o cônsul Han (Tzi Ma). Enquanto isso, o policial de LA, James Carter (Chris Tucker), é o único da cidade sem parceiro, pois acha que trabalha melhor sozinho. Contudo, a pedido do FBI, Carter é chamado para ser o protetor de Lee enquanto ele estiver em operação, uma vez que os federais temem que esse caso venha a público se Lee morrer, o que dificultaria as relações entre os Estados Unidos e a China.
Da trilogia, o roteiro do primeiro é o que mais se destaca. A maneira com que o filme introduz os personagens principais é definidor para construir a personalidade deles. A primeira cena de Lee o mostra em ação capturando remanescentes de uma organização criminosa que dominou Hong Kong por muitos anos. Lee é discreto e eficaz, seu domínio sobre as artes marciais o torna infalível. Ao passo que Carter forma seu extremo oposto. Ele ama ser o centro das atenções, é tagarela e para onde vai acaba em explosões e trocas de tiro.
Os momentos engraçados do filme são causados por esse choque entre o jeito de agir dos dois. Lee é o chinês certinho, mas também um pouco desastrado, como a maioria dos papéis de Jackie Chan. Enquanto Carter é o americano egoísta, falador e que gosta de chamar atenção, lembrando muito o personagem de Eddie Murphy em Um Tira da Pesada (1984).
Jackie Chan e seu trabalho sublime nas artes marciais oferecem dinamismo e controle nas cenas de ação. Já Tucker dita a história, para onde os personagens vão a seguir e o que eles devem fazer. Sua brilhante atuação garante momentos hilários, mantendo a leveza do filme.
É notável a autonomia que o diretor Brett Ratner deu aos atores no set. Os erros de gravação revelam o clima descontraído e divertido, algo muito positivo, principalmente para um filme de comédia, onde requer muita empolgação e incentivo. O improviso é outro ponto chave para a comédia do filme. Chris Tucker improvisa a maioria de suas falas, gerando erros de gravação de chorar de rir.
Ken Leung interpreta o vilão Sang, que apesar de não ser o principal, ele é o que mais aparece em cena. Ele é daqueles vilões que sabe irritar, sempre se saindo por cima. Já Tom Wilkinson, o grande criminoso por trás de tudo, entrega um antagonista medíocre para o bom ator que ele é.
Em muitas ocasiões o longa se deixa cair em velhos clichês de filmes de ação convenientes demais, detalhe que irá apenas se agravar em suas continuações. A autonomia dada por Brett Ratner aos atores revela a sua incapacidade de ir além do “feijão com arroz”, pois não consegue arriscar para entregar um produto bom e autoral. Na realidade, percebe-se que quando ele decidiu fazer algo diferente, acabou entregando trabalhos horríveis, como aconteceu em X-Men: O Confronto Final (2006).
Com dois nomes de peso contracenando juntos, A Hora do Rush foi um sucesso absoluto logo de cara. Arrecadou cerca de 244 milhões de dólares mundialmente e foi a sétima maior bilheteria americana de 1998.
Nota: 4 / 5
A Hora do Rush 2 (Rush Hour 2, 2001)
A prometida sequência trouxe uma inversão de papéis. O estrangeiro agora é James Carter, que foi viajar de férias para Hong Kong após o desfecho do primeiro filme.
O roteirista do segundo longa, Jeff Nathanson, oferece uma roupagem ainda mais mulherenga para Carter, que quer se divertir com Lee pela cidade. Quanto ao personagem de Jackie Chan, ele tem que estudar um caso de uma explosão ocorrida na embaixada americana, que suspeita ter sido encomendada por Ricky Tan (John Lone), o mafioso responsável pela morte do pai de Lee.
Em A Hora do Rush 2, Jackie Chan carrega o filme nas costas, enquanto Chris Tucker se encarrega da comédia, trazendo bons momentos de alívio cômico. Carter é desnecessário na maioria das cenas, servindo apenas como um meio para entendermos o passado de Lee com Ricky Tan.
Em contrapartida, o diretor Brett Ratner deu ainda mais espaço para Jackie Chan brilhar. As melhores cenas de ação da trilogia estão neste. A fluidez dada pelos movimentos do ator prende a atenção do espectador. Dentre elas, vale lembrar da luta nos andaimes de bambu e a cena na sala de massagem, no qual ele e Carter batem num monte de capangas de Ricky Tan.
Neste, a vilã é Hu Li (Zhang Ziyi). Mesmo com pouquíssimas falas, ela constitui uma ótima antagonista. Ela é habilidosa e um desafio e tanto para os personagens principais.
O filme fez um sucesso ainda maior que o primeiro. Mundialmente, A Hora do Rush 2 fez por volta de 347 milhões de dólares, além de ter chegado ao quinto lugar das maiores bilheterias dos EUA daquele ano, ficando atrás apenas de Monstros S/A (4ª posição), Shrek (3ª), O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2ª) e Harry Potter e a Pedra Filosofal (1ª).
Nota 3,5 / 5
A Hora do Rush 3 (Rush Hour 3, 2007)
A expectativa em torno do terceiro filme era bem grande. Entretanto, A Hora do Rush 3 apenas se aproveita do sucesso de seus antecessores e entrega muita mais comédia e bem menos ação.
Depois que o embaixador Han (Tzi Ma) sofre um atentado, as suspeitas se voltam para a Tríade, uma antiga organização criminosa chinesa que está espalhada pelo mundo. Lee e Carter são novamente acionados para ir até Paris descobrir a verdade por detrás dessa facção.
Primeiramente, A Hora do Rush 3 é uma completa bagunça. Cheio de erros de continuidade, é um filme inchado de personagens e por isso não desenvolve nenhum.
Começando por Kenji (Hiroyuki Sanada), o vilão da história. Ele é apresentado como irmão de Lee, mas depois descobrimos que na verdade não são irmãos de sangue, pois cresceram juntos no orfanato. Detalhe que nunca foi citado na trilogia inteira, uma vez que Lee até então era um filho de policial chinês, e não um órfão. Kenji nunca apresenta uma motivação muito clara, nem demonstra alguma empatia. É um personagem que simplesmente não nos importamos, nem gostamos, nem odiamos.
Outra decepção é o ministro Reynard, o plot twist do filme, onde descobrimos que ele é outro importante membro da Tríade. Um ator com tamanho potencial como é Max von Sydow, famoso por atuações de peso como fez em clássicos como O Sétimo Selo (1957) e O Exorcista (1973), é totalmente desaproveitado em A Hora do Rush 3.
As melhores atuações ficam para o taxista francês George (Yvan Attal), que a princípio odeia os americanos, mas depois de participar de uma fuga com Lee e Carter, ele fica tendo fantasias como um agente secreto dos EUA. E também tem a ponta feita pelo diretor Roman Polanski. Ele interpreta um policial francês do aeroporto, que suspeita que Lee e Carter estivessem carregando drogas.
A ação neste filme também é problemática. As cenas de luta nem se comparam com as de A Hora do Rush 1 e 2. Talvez porque Jackie Chan já está ficando velho ou o diretor Brett Ratner, que não deu a mesma liberdade que nos anteriores. A luta final entre Lee e Kenji na Torre Eiffel é bem medíocre. Provavelmente o melhor momento de Lee fique para a cena em que luta contra uma chinesa da Tríade num quarto enquanto Carter fica escutando pelo lado de fora, imaginando que eles estavam fazendo sexo.
Ainda assim, o filme possui excelentes cenas de comédia como sempre, principalmente graças a Chris Tucker, como na cena em que ele se apresenta ao mestre Tu.
Consequentemente, A Hora do Rush 3 arrecadou muito menos que o segundo (258 milhões de dólares mundialmente). O filme nem mesmo ficou entre as dez maiores bilheteria daquele ano.
Nota: 3 / 5
OUTRAS INDICAÇÕES
A Hora do Rush (Rush Hour, 2016)
Em 2016, a CBS produziu uma série de televisão baseada na trilogia. Jon Foo, até então conhecido pelo papel principal no live-action de Tekken (2010), interpreta o detetive Lee, de Hong Kong. Já James Carter é feito pelo novato e pouco conhecido Justin Hires. A série, no entanto, foi um fracasso de audiência, o que a levou ao seu cancelamento com uma temporada apenas.
A Hora do Rush 4 (Rush Hour 4, ????)
No ano passado, Jackie Chan afirmou que uma quarta sequência de A Hora do Rush estava em desenvolvimento. Chris Tucker confirmou estar no elenco também, que prometeu ser “o maior de todos”. O problema está na decisão de quem assumirá a cadeira de direção.
Brett Ratner veio a público se colocando como o diretor novamente, mas, de acordo com uma matéria do The Hollywood Reporter, o estúdio da New Line Cinema negou a participação do cineasta na continuação da trilogia. Brett Ratner foi acusado de abuso sexual pouco tempo antes, o que acabou abalando sua reputação em Hollywood.
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