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  • J.V. Vicente

Os Incríveis 2 | Crítica: Valeu a pena esperar 14 anos?


Os Incríveis, filme da Disney e Pixar, dirigido por Brad Bird (Missão Impossível: Protocolo Fantasma) e produzido por John Walker, estreou em 2004 e foi um sucesso de crítica e publico. O filme não só era divertido e cheio de ação, como também adequado para todos os públicos. Apesar do selo Disney, a animação era muito adulta, contendo elementos que crianças não iriam entender como violência e insinuação de sexo e problemas familiares. O diretor entregou na época uma obra única, por relatar questões tão adultas em um filme infantil, sem prejudicar o publico alvo que são as crianças. Lançado em 2004, o filme termina com um gancho enorme para o futuro da família. Infelizmente, a sequencia nunca veio, entre declarações aqui e ali, se passaram 10 anos e os fãs ainda estavam esperando, felizmente, após terminar seu trabalho no filme “Tomorrowland (2015)”, Brad Bird cumpriu sua promessa e iniciou o projeto da tão esperada sequencia.

O publico foi pego de surpresa quando a Disney anunciou que o filme iria se passar momentos depois de onde o primeiro terminou. Isso é semelhante ao que fizeram com Procurando Dory, sequencia de Procurando Nemo, que se passa um ano depois dos eventos do primeiro filme. Isso quebrou as expectativas de fãs que esperavam ver as versões adultas das crianças, Violeta, Flecha e Zezé. Felizmente, isso em nada atrapalhou. De fato, valeu pena esperar 14 anos.

Em uma época onde a censura está mais rígida do que nunca, destaque para o que houve em Deadpool 2, uma grande preocupação era que a essência adulta do primeiro filme fosse perdida. Isso não aconteceu. Os Incríveis 2 é um filme cheio de ação, humor e beleza, mas ainda assim não deixou de lado sua estética adulta, voltando a abordar temas como assassinato, brigas de casal, adolescência e problemas legais. É maravilhoso o como o diretor consegue balancear os momentos de discussões sobre temas adultos os momentos de ação e humor infantil. Em relação ao primeiro, o filme tem momentos ainda mais adultos, destaque para as cenas de susto e suspense promovidas pelo vilão do filme.

Os incríveis têm um roteiro linear e bem balanceado. As tramas e subtramas se encaixam de forma orgânica e eficiente. A qualidade da animação evoluiu após esses 14 anos, mas é claro que a aparência continua a mesma. Os cenários, carros e figurinos do filme são uma mistura de anos 50 com a modernidade. O ambiente criado é maravilhoso e único. É fascinante como o visual do filme e a trilha sonora de Michael Giacchino contribuem para uma estética única, que mistura a modernidade atual com o classicismo da década de 50, Destaque para uma cena Noir da Mulher Elástica.

Por falar nela, Helena Pêra é o grande destaque desse filme. Em uma era em que o feminismo está em alta, o diretor resolveu investir fundo na personagem. A Mulher Elástica prova de uma vez por todas que ela é a heroína suprema e que não deve de forma alguma ficar à sombra do vaidoso Senhor Incrível; aliás, é inacreditável que ela seja casada com ele. Enquanto Beto é imprudente, vaidoso e orgulhoso, Helena é uma mulher centrada, preocupada e que toma os devidos cuidados com o patrimônio público. O filme até mesmo usa a personagem Evelyn Deavor para fazer críticas diretas à sociedade machista e como o marido da mulher é na verdade um atraso na vida dela.

O arco do senhor Incrível é especificado em sua relação com os filhos. Vaidoso do jeito que é, Beto não se conforma de ficar em segundo lugar em relação à esposa, e leva até mesmo seu desempenho como homem da casa como uma competição. Mesmo após os eventos do primeiro filme, você sente que o personagem não evoluiu nada, continuando com seu jeito machão e invasivo. A evolução do personagem se dá no momento onde ele precisa encarar que ser um bom pai não é algo para provar a sua capacidade, e sim algo que está além dele. A trama do personagem tendo que lidar com um bebê superpoderoso, uma filha adolescente e um filho com problemas nos estudos é uma lição de vida e algo para abalar o ego inflado do personagem.

O vilão do filme é um dos pontos altos da trama. Semelhante ao seu antecessor, o personagem não busca por coisas como dinheiro ou dominação mundial. Assim como o Síndrome, o Hipnotizador tem uma visão de mundo que está desposto a concretizar, não importa os métodos que tenha que usar ou o qual longe tenha que ir para realiza-los.

O personagem não só é uma presença como também uma ferramenta em que o filme crítica a sociedade do espetáculo. Em momentos pontuais, o longa crítica a manipulação sociopolítica das massas através da mídias e dos meios de comunicação. A reflexão do longa é brilhante, mostrando que as pessoas estão muito ocupadas consumindo que se esquecem de fazer as próprias escolhas.

Como dito antes, o longa não perde a chance de fazer o cinema dar altas gargalhadas, especialmente nos momentos de crise adolescente de Violeta, nas crises do ego de Neto e nos poderes do menino Zezé. O bebe ganha ainda mais destaque do que no primeiro filme, um personagem fascinante não vai ser surpresa que ele se torne uma poderosa figura da cultura pop e da internet; pois todos os Mínios não valem um Zezé.

Extremamente poderoso, o bebê é uma presença avassaladora, além de ser fofo e engraçado. Se tem uma coisa melhor do que le, e ele junto de Edna Moda. A estilista volta com tudo nessa sequencia, mostrando mais de sua personalidade acida e irônica. Edna e Zezé formam a melhor dupla do filme, rendendo momentos fofos e hilários.

Personagens que ficaram mais em segundo plano foram Violeta, Flecha e Lucio/Gelado. A subtrama individual da primeira é pequena e discreta, mas eficiente. Os dois ultimo são apenas personagens que fazem seus papéis, embora sua personalidade seja algo que os puxe para o gosto do publico. Os novos heróis coadjuvantes são bem utilizados, especialmente a personagem Voyd, que tem um futuro promissor em uma possível sequencia.

A trilha sonora de Michael Gicchino é mais uma vez encantadora, unindo elementos do Jazz e do Blues, as musicas ficarão mais uma vez na cabeça dos fãs. Especialmente as musicas vintage individuais do Senhor Incrível, da Mulher Elástica e do Gelado.

Mais uma vez é necessário parabenizar a dublagem brasileira. Os personagens continuam tendo uma identidade própria aqui no Brasil. A adição de nomes famosos a alguns personagens foi fascinante, destaque para o casal Otaviano Costa e Flávia Alessandra, que dublaram os irmãos Winston e Evelyn Deavor, os personagens caíram como uma luva nos atores da globo. Também não devem ser esquecidos o apresentados Raul Gil e o repórter Evaristo Costa.

Flavia Alessandra e Otaviano Costa dublam os irmãos Evelyn e Winston Deavor

Os Incríveis dois é perfeito e satisfatório. Mais uma vez, essa família de super-heróis arrasou nas telonas. Agora é esperar para uma sequencia, e que essa não demore tanto, pois o universo ainda possui muito para ser explorado, podendo se tornar uma franquia poderosa que vai render séries, quadrinhos e spin offs para a Disney Pixar.

Nota: 5/5

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